Mesmo nos EUA de Trump a classe operária organiza-se e luta. 50 mil trabalhadores da General Motors, em 48 fábricas de automóveis, em dez estados dos EUA, entraram na quinta semana de greve. É a mais longa greve da indústria desde 1970. As suas reivindicações são idênticas às de todos os explorados do mundo: melhores salários, horários humanos, contratos seguros.
50 mil trabalhadores da General Motors, em 48 fábricas de automóveis, em dez estados dos EUA, entraram na quinta semana de greve. É a mais longa greve da indústria desde 1970, quando os operários da GM paralisaram 67 dias, e não há sinais de que o fim esteja para breve.
Na segunda-feira, Adam Jonas, da agência financeira Morgan Stanley, explicava à NBC que «os investidores da GM estão comprometidos e preparados para prejuízos de milhares de milhões de dólares por causa da greve (…) desde que mantenham a flexibilidade estratégica de custos a longo prazo». Trocando por miúdos, a consciência de classe do patronato é bastante para reconhecer que os seus interesses a longo prazo significam muitas vezes sacrifícios a curto prazo.
É certo que os «sacrifícios» de que falava Adam Jonas não têm consequências nas vidas dos patrões: nenhum dos milionários que corajosamente enfrenta a greve terá de fazer contas para ver como vai pagar a renda ou pedir dinheiro emprestado para aviar medicamentos na farmácia. Já os trabalhadores têm vivido com 250 dólares semanais do fundo de greve do seu sindicato, a UAW, e aguentado graças à solidariedade de classe que se despertou à sua volta. Mas a greve teve outro custo, subjectivo e imprevisível, talvez maior que todos os outros, para o grande capital.
Segundo uma análise do Anderson Economic Group, 30 dias de greve custaram aos 10 maiores investidores 1,5 mil milhões de dólares, enquanto os trabalhadores perderam 624 milhões em salários. O que se pode traduzir pelo seguinte silogismo lógico: se 50 mil operários juntos ganham menos de metade do que 10 proverbiais «investidores» e se sem esses 50 mil operários nem um cêntimo de riqueza é criada, a conclusão é que há alguém que está a ser roubado.
É como se a greve levantasse o véu sobre a máquina do capitalismo, deixando à vista dos proletários estado-unidenses, de 2019, as engrenagens que Marx descobrira há 150 anos. E eis que a greve passa a custar ao patronato muito mais do que 1,5 mil milhões: inspirados pela luta da UAW, 3500 trabalhadores da Mack-Volvo na Pensilvânia, no Maryland e na Florida começaram a primeira greve dos últimos 35 anos; há dias, 2000 metalúrgicos da Asarco, no Texas, juntaram-se também à greve.
As suas reivindicações são as mesmas em Detroit, Matamoros ou Palmela: melhores salários, horários humanos, contratos seguros. Os seus interesses unem-nos a todos os proletários do mundo.
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2394, 17.11.2019 Fonte: odiario.info
Mesmo nos EUA de Trump a classe operária organiza-se e luta. 50 mil trabalhadores da General Motors, em 48 fábricas de automóveis, em dez estados dos EUA, entraram na quinta semana de greve. É a mais longa greve da indústria desde 1970. As suas reivindicações são idênticas às de todos os explorados do mundo: melhores salários, horários humanos, contratos seguros.
50 mil trabalhadores da General Motors, em 48 fábricas de automóveis, em dez estados dos EUA, entraram na quinta semana de greve. É a mais longa greve da indústria desde 1970, quando os operários da GM paralisaram 67 dias, e não há sinais de que o fim esteja para breve.
Na segunda-feira, Adam Jonas, da agência financeira Morgan Stanley, explicava à NBC que «os investidores da GM estão comprometidos e preparados para prejuízos de milhares de milhões de dólares por causa da greve (…) desde que mantenham a flexibilidade estratégica de custos a longo prazo». Trocando por miúdos, a consciência de classe do patronato é bastante para reconhecer que os seus interesses a longo prazo significam muitas vezes sacrifícios a curto prazo.
É certo que os «sacrifícios» de que falava Adam Jonas não têm consequências nas vidas dos patrões: nenhum dos milionários que corajosamente enfrenta a greve terá de fazer contas para ver como vai pagar a renda ou pedir dinheiro emprestado para aviar medicamentos na farmácia. Já os trabalhadores têm vivido com 250 dólares semanais do fundo de greve do seu sindicato, a UAW, e aguentado graças à solidariedade de classe que se despertou à sua volta. Mas a greve teve outro custo, subjectivo e imprevisível, talvez maior que todos os outros, para o grande capital.
Segundo uma análise do Anderson Economic Group, 30 dias de greve custaram aos 10 maiores investidores 1,5 mil milhões de dólares, enquanto os trabalhadores perderam 624 milhões em salários. O que se pode traduzir pelo seguinte silogismo lógico: se 50 mil operários juntos ganham menos de metade do que 10 proverbiais «investidores» e se sem esses 50 mil operários nem um cêntimo de riqueza é criada, a conclusão é que há alguém que está a ser roubado. É como se a greve levantasse o véu sobre a máquina do capitalismo, deixando à vista dos proletários estado-unidenses, de 2019, as engrenagens que Marx descobrira há 150 anos. E eis que a greve passa a custar ao patronato muito mais do que 1,5 mil milhões: inspirados pela luta da UAW, 3500 trabalhadores da Mack-Volvo na Pensilvânia, no Maryland e na Florida começaram a primeira greve dos últimos 35 anos; há dias, 2000 metalúrgicos da Asarco, no Texas, juntaram-se também à greve.
As suas reivindicações são as mesmas em Detroit, Matamoros ou Palmela: melhores salários, horários humanos, contratos seguros. Os seus interesses unem-nos a todos os proletários do mundo.
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2394, 17.11.2019
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