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"Luiz Carlos Prestes entrou vivo
no Panteon da História.  
Os séculos cantarão a 'canção de gesta'
dos mil e quinhentos homens da
Coluna Prestes e sua marcha de quase
três anos através do Brasil.
Um Carlos Prestes nos é sagrado.
Ele pertence a toda a humanidade.
Quem o atinge, atinge-a."

(Romain Roland, 1936)


O KKE continuará a luta pelo derrube da barbárie capitalista

por Giorgios Marinos [*]

O KKE estende desde já os seus calorosos agradecimentos a todos os partidos comunistas, aos homens e mulheres comunistas, bem como a um largo número de militantes de todo o mundo que exprimiram a sua sincera solidariedade e apoio ao nosso partido, porque valorizaram as árduas batalhas de classe em que está envolvido desde há muito, antes e depois da crise capitalista.

O nosso partido continuará a ser digno dessa confiança e levará avante a luta pelos interesses mais profundos da classe trabalhadora e das populações, pelo derrube da barbárie capitalista e pelo socialismo. O objectivo da abolição da exploração do homem pelo homem, princípio basilar dos partidos comunistas, assim o exige.

Os desenvolvimentos na Grécia, e de forma mais particular as duas recentes eleições, deram azo a muitas discussões sobre o KKE e a "esquerda", o papel dos "governos de esquerda" e o posição dos comunistas. 

Algumas forças que ainda ostentam o título de "Partido Comunista" apesar do facto de estarem num claro processo de social-democratização, e outras forças que falam em nome da "esquerda", abriram uma frente – de forma mais ou menos clara – contra o KKE, difamando a sua actividade, escondendo ou distorcendo as suas posições, com uma retórica sem fundamento acerca de um suposto sectarismo, regurgitando as polémicas do inimigo de classe, adoptando e disseminando as posições do SYRIZA. 

O SYRIZA é um partido que apoia fanaticamente a União Europeia e serve de veículo à visão utópica do "capitalismo de face humana". Está comprometido com as forças oportunistas de direita, com vários grupos residuais da luta de classes, com grupos marginais de ultra-esquerda (trotsquistas e ex-maoístas) e com uma parte significativa dos sociais-democratas do PASOK. 

As forças que abriram essa frente contra o KKE – dentre elas o aparelho do "Partido de Esquerda Europeu" e outras organizações apoiantes do caricatural "Socialismo para o século XXI" – foram desmascaradas graças à prática do KKE e ao contributo para a luta revolucionária que as refutou. Mas a sua posição é prejudicial à classe operária, aos extractos populares e à juventude porque eles tomam o lado do opositores aos comunistas — dos comunistas que lutam consistentemente contra a burguesia, contra o imperialismo e se opõem militantemente à assimilação da classe trabalhadora dentro dos objectivos do capital. 

Apelamos aos comunistas, homens e mulheres, aos trabalhadores que acompanham os desenvolvimentos da situação na Grécia e estão interessados no rumo da luta de classe a terem um melhor entendimento da estratégia e das tácticas do KKE, da sua história e das suas lutas. Eles deveriam julgar as suas posições com base em critérios político-ideológicos específicos e não com base em rumores e calúnias sem fundamento. Serão então capazes de perceber que o ataque à estratégia do KKE, à sua política de alianças, bem como as afirmações risíveis acerca do seu suposto sectarismo e isolacionismo foram iniciados pelas forças burguesas e por forças que na realidade rejeitaram os princípios marxistas-leninistas, como a necessidade do socialismo, a centralidade da luta de classe que é significativa quando ligada ao poder popular da classe trabalhadora.

Nessa altura serão capazes de perceber que estas forças seguem uma linha política de gestão burguesa a qual é escondida por trás da conversa de uma "solução de esquerda", semeando ilusões acerca da "humanização do capitalismo" com consequências muito negativas para a luta dos trabalhadores.


O pior é que estas mesmas forças que atacam "maliciosamente" o KKE e que por vezes pretendem ser seus "amigo", tentam explorar este resultado eleitoral, que é negativo para o povo, numa tentativa de validação das suas perigosas afirmações. 

SOBRE OS DESENVOLVIMENTOS DA SITUAÇÃO NA GRÉCIA

Na Grécia, a profunda crise de sobre-acumulação do capital, que entrou no seu quarto ano, a par com a crise nos outros estados da União Europeia, provoca a intensa agressividade dos monopólios e dos seus representantes políticos que se expressa na sua estratégia anti-popular como um todo. Os memorandos assinados pelos governos gregos com a UE, o BCE e o FMI são uma parte desta estratégia. 

A deterioração da situação da classe trabalhador e dos extractos populares provocada pela ofensiva do capital, o desenvolvimento da luta de classe que conta com a contribuição decisiva do KKE e do movimento com orientação classe, levou à erosão do social-democrata PASOK que durante muitos anos aplicou a cruel linha política anti-povo. Levou também à erosão do partido liberal ND (Nova Democracia) e do sistema de dois partidos como um todo, os quais perderam a capacidade de enganar as forças populares que tinham anteriormente.

Nesta base, a recomposição da cena política está a ser promovida e esta é apoiada pela classe burguesa, a União Europeia e outros mecanismos imperialistas para administrar mais eficazmente a crise capitalista em favor do capital, para impedir a luta de classe, para atacar o KKE o movimento com orientação de classe.


Um elemento fundamental da recomposição da cena política é a criação de dois novos pólos – o de "centro-direita" baseado na ND e o de "centro-esquerda" com o SYRIZA no seu núcleo junto com a participação uma ampla secção de responsáveis do PASOK que arcam com responsabilidades criminais quanto à implementação da linha política anti-povo dos anos anteriores.


A Grécia e as suas eleições parlamentares foram utilizadas como uma arena da competição inter-imperialista entre os Estados Unidos, a UE, a Alemanha e a França. Este facto exprimiu-se no posicionamento das forças políticas gregas, em particular a ND, o PASOK e o SYRIZA (este último namorando a França e os Estados Unidos). 

A profunda e multifacetada assimilação da Grécia na União Europeia, a crise prolongada e a recessão da Eurozona tornaram necessária a intervenção dos Estados Unidos, União Europeia e FMI de modo a anular qualquer tendência de radicalização do movimento na Grécia e o seu posterior impacto internacional. 

As afirmações recorrentes da parte dos representantes das organizações imperialistas, assim como os artigos publicados por toda a imprensa estrangeira, incluindo o apelo ao voto na ND por parte da edição alemã do Financial Times, reforçou a bipolarização e a chantagem feita sobre o povo, para que este se virasse para um dos dois pólos de gestão da burguesia. 

Sobre os resultados eleitorais

O KKE fez um imenso esforço que se traduziu em 8,5% dos votos, 536 mil votos e 26 deputados nas eleições de 6 de Maio, mas ele não foi complacente. Ele falou claramente acerca do plano para enfraquecer o partido, previu e combateu a ofensiva organizada anti-KKE com todas as suas forças e permaneceu de pé com perdas de 4% da sua força eleitoral, com uma diminuição do número de votos e de deputados, acabando por conseguir 4,5% dos votos, que representam 12 deputados e 277 mil votos. 

O que é que se passou entre estas duas eleições? Que dilemas foram colocados pelo sistema burguês para enganar as forças populares? O Comité Central do KKE fez uma avaliação inicial do resultado, a qual agora está a ser discutido nas organizações do partido e em encontros com amigos do partido para reunir a experiência colectiva de modo a que possa ser usada na avaliação final. A fim de entender a atmosfera política que prevaleceu na segunda eleição é importante ter em mente que, de acordo com as leis eleitorais vigentes, o primeiro partido recebe um bónus de 50 deputados (num parlamento composto por 300) para "facilitar" a formação de novo governo. Nas primeiras eleições (na qual o KKE teve 8,5%) a diferença entre o primeiro partido (ND) e o segundo partido (SYRIZA) era de 2.1 % e a luta pelo primeiro lugar criou condições de polarização intensa. 

O CC do KKE fez a seguinte avaliação: "As perdas significativas do KKE que se verificaram não reflectem o impacto real das suas posições e da sua actividade. Isto sucedeu sob a pressão das ilusões e da lógica do "mal menor", do caminho fácil e indolor segundo o qual seria possível formar um governo que pudesse administrar a crise no terreno do poder dos monopólios e de uma assimilação na União Europeia capaz de travar a deterioração da posição do povo. Ao mesmo tempo, houve o impacto do clima de medo e de intimidação quanto à expulsão da Grécia da zona euro. A eleição verificou-se nas condições de uma ofensiva sistemática e sorrateira dos mecanismos politico-ideológicos do sistema, mesmo através da utilização sistemática da internet. O objectivo principal era o enfraquecimento do KKE a fim de impedir a ascensão do movimento dos trabalhadores quando as condições de vida do povo estavam a deteriorar-se". 

A conclusão é a de que os resultados eleitorais, no seu todo, reflectem a tendência de contenção da radicalização do movimento de classe durante os períodos de crise, sob a pressão que prolifera radicalismo pequeno-burguês guiado pela ideologia e propaganda burguesa. É evidente que esse tipo de lutas que se desenvolveram não foram capazes de aprofundar e consolidar o radicalismo, pois não tinham uma orientação para as massas nem conseguiram a organização e a orientação política que as condições actuais necessitam. Em última análise todas as tendências positivas que se desenvolveram foram influenciadas por um conteúdo anti-memorando, baixando as expectativas numa situação em que a pobreza e o desemprego se massificam". 

O papel do SYRIZA

As forças que apoiam – de forma mais ou menos aberta – o SYRIZA e que criticam o KKE vêm-se obrigadas a explicar aos membros e aos quadros dos seus partidos, bem como à classe trabalhadora e aos povos o seguinte: 

Porque é que eles escondem que o elemento comum da linha política da ND, PASOK e SYRIZA e de outros partidos, é o seu apoio à União Europeia, o inter-estado imperialista que implementa uma estratégia anti-popular e que se construiu e se desenvolveu de acordo com os interesses dos grupos monopolistas e das multi-nacionais? 

Porque é que escondem o facto de que uma secção da burguesia, os poderosos grupos financeiros que controlam os jornais, as rádios e as televisões, apoiou o SYRIZA de uma forma decisiva (e isto aplica-se também aos canais de rádio e de televisão estatais), enquanto o presidente dos industriais gregos propunha um governo de unidade nacional com a participação do SYRIZA? 

Porque é que escondem que durante estas eleições e sobretudo depois das eleições de 6 de Maio o SYRIZA abandonou até a fraseologia e os slogans acerca do cancelamento do memorando e do acordo de empréstimo, acerca da nacionalização de empresas etc... e adaptou completamente o seu programa às necessidades da gestão burguesa? 

Porque é que escondem o facto de estar em marcha um plano de recomposição da social-democracia com o SYRIZA no centro? A Social-Democracia já provou ser muito útil à classe burguesa e ao seu intuito de impedir a consciencialização radicalizada das populações em prol de uma União Europeia de sentido único, atacando e procurando controlar os movimentos dos trabalhadores. 

Porque é que escondem o facto deste partido ter usado continuamente o anti-comunismo, enquanto apela ao mesmo tempo à "unidade da esquerda"? Num dos principais comícios de campanha do SYRIZA, com o seu presidente ao lado, o "filósofo" esloveno Slavoj Zizek, numa demonstração vulgar de anti-comunismo, disse que "(...) Isto é, se bem percebemos, o que o KKE, que mais não é do que o partido daqueles que ainda estão vivos porque se esqueceram de morrer, vos está a dizer (...)" recebendo uma salva de aplausos entusiasmados por parte do auditório! 

Porque é que escondem que o facto de terem usado toda espécie de tácticas sujas contra o KKE a fim de ganhar os votos do povo na busca da primeira posição nas eleições ou da capacidade de formar um governo unipartidário? 

Tácticas sujas que incluíram, entre outras coisas, fornecer a jornalistas burgueses falsa propaganda sobre diferentes visões no seio do CC e da Comissão Política do KKE sobre a posição em relação ao SYRIZA e à participação num governo de gestão burguês. A experiência das condições nas quais o KKE combateu nestas eleições é válida para todos os partidos comunistas e, por esta mesma razão, procuramos informá-los acerca das provocações que ocorreram, entre elas a criação de uma falsa conta do KKE no Twitter que utilizar para apelar ao voto no SYRIZA. 

Porque é que escondem que alguns dias antes das eleições o presidente do SYRIZA se encontrou em Atenas com diplomatas dos países do G-20 para "estabelecer um clima de confiança"? Com quem? Com o clube dos mais fortes capitalistas e imperialistas do mundo. 

Ainda há mais. Os quadros do SYRIZA apresentaram a linha política de Obama ao povo grego como uma linha razoável de gestão da crise em prol do povo. Ao mesmo tempo, defendiam que a eleição do social-democrata Hollande seria um novo factor portador de uma lufada de ar fresco e de mudanças favoráveis aos povos na União Europeia. Enquanto isso, o governo social-democrata francês apelava à submissão do povo grego aos compromissos com a União Europeia e – apesar da competição inter-imperialista – preparava com o governo alemão as novas medidas anti-populares da União Europeia rumo a uma integração política e económica. 

Estes factos não podem ser ignorados. O KKE não precisa de fabricar nenhuma teoria da conspiração. A verdade não pode ser ocultada. São factos da maior importância para que qualquer trabalhador que esteja interessado na situação grega e no papel das diferentes forças políticas possa formar uma opinião. 

Durante um longo período de tempo foram propagados os mais variados mitos acerca do papel do SYRIZA nos movimentos populares e dos trabalhadores, tendo este sido apresentado de uma forma enganadora como uma forte força de oposição, quando na verdade este contribuía de forma mínima ou mesmo de nenhuma forma para o desenvolvimento da luta nas fabricas e nas empresas, para a organização de greves ou outras formas de mobilização das massas. 

Na verdade, este partido é um apêndice da Federação Geral dos Trabalhadores Gregos (GSEE) e da Federação dos Trabalhadores do Sector Público (ADEDY), que operam como instrumentos do capital, mecanismos do patronato e do governo, que defendem a colaboração e a concórdia de classes. 

A posição do SYRIZA no movimento das "praças", que foi transitório, teve um carácter de massas limitado e foi um terreno fértil para visões reaccionárias, foi oportunista e integrado no plano daqueles que desejavam tomar as rédeas da gestão burguesa. O SYRIZA arca com sérias responsabilidades por ter partilhado as "praças dos indignados" com a abominação fascista "Aurora Dourada", que se apresentou (juntamente com outras forças nacionalistas) como uma formação anti-memorando, promovendo slogans vulgares e reaccionários a fim de manipular a indignação dos trabalhadores. 

A luta do KKE

A ofensiva contra o KKE que se seguiu às eleições não foi levada a cabo exclusivamente por conhecidos grupúsculos trotskistas, mas também pelas forças do "Partido de Esquerda Europeu", como o português "Bloco de Esquerda" e o italiano "Refundação Comunista". Os presidentes destes dois partidos não resistiram à tentação de demonstrar a sua aversão europeísta ao KKE. 

A posição do certas forças que culpam o KKE pelo facto de a ND ter conseguido formar um governo é também uma posição provocadora. Estas forças tentam esconder o facto de o KKE ser o único partido em claro conflito com a ND e com o PASOK, por não estar comprometido com a União Europeia, com a NATO e com o poder do grande capital, ao contrário do SYRIZA. O KKE não fomenta ilusões parlamentares e procura dizer sempre a verdade ao povo acerca das forças que apoiam a gestão burguesa. O nosso partido tem vindo a lutar durante todos estes anos contra os dilemas intimidatórios "direita ou anti-direita", "centro-esquerda ou centro-direita", lutando também contra o beco sem saída racional que representa o "mal menor" que levou partidos comunistas europeus a tornarem-se a cauda da social-democracia. 

O esforço para caluniar o KKE fracassará porque os seus instigadores serão totalmente desmascarados, tal como a propaganda de sectarismo e isolacionismo de que nos acusam é refutada pelo papel de liderança do KKE, da KNE e também do PAME, dos sindicatos com orientação de classe, pelos comícios militantes dos extractos populares e da juventude em dúzias de greves à escala nacional, sectorial e a nível de empresa, em centenas de mobilizações multifacéticas que reuniram milhares de trabalhadores que combatiam por reivindicações que exprimiam os direitos do trabalhadores e entravam em conflito com o poder do capital, a barbárie capitalista.

Estes feitos significativos não se apagam com os resultados eleitorais negativos para as populações. Eles representam uma experiência valiosa e um acervo para a escalada da luta de classes até ao seu fim.


O KKE opõe-se à aliança oportunista das diferentes lideranças políticas e insiste na aliança entre a classe trabalhadora, as populações urbanas e rurais, participada pela juventude e pelas mulheres. Rejeita a cooperação para a formação de um "governo de esquerda" que possa gerir o capitalismo e insiste na formação de uma aliança socio-política que lutará pela resolução dos problemas do povo, que enfrentará os monopólios e o imperialismo e que procurará dirigir a sua luta rumo ao derrube da barbárie capitalista e à conquista do poder por parte da classe operária e do povo. 

A estratégia que promete um futuro melhor para a classe trabalhadora e para os desempregados por meio de um denominado governo de esquerda ou progressista, enquanto o poder do capital e a propriedade capitalista dos meios de produção se mantém intacto, é perigosa. Esta estratégia foi já experimentada e já se provou estar em bancarrota. Ela levou partidos comunistas à assimilação e mesmo à dissolução.

Esta estratégia esconde a questão fundamental. Esconde que o problema do desemprego, que se agrava de forma descontrolada, não pode ser resolvido enquanto o poder e a riqueza que a classe trabalhadora produz permanecerem nas mãos dos capitalistas, enquanto a anarquia capitalista e a motivação do lucro existirem.


As necessidades actuais do povo não podem ser satisfeitas uma vez que o capitalismo se encontra na sua fase derradeira, a fase imperialista, e é totalmente reaccionário. As dificuldades na reprodução do capital, a competição entre os monopólios pelo seu domínio reforçam o ataque destinado a reduzir o preço da força de trabalho e a aumentar a taxa de exploração. Mesmo pequenos ganhos exigem duros conflitos com as forças do capital, como a heróica greve de sete meses dos metalúrgicos em Aspropirgos demonstrou. Greve essa que tem sido firmemente apoiada pelo KKE e pelo PAME, bem como por milhares de trabalhadores gregos e estrangeiros que exprimem a sua solidariedade de classe.


A luta diária pelo direito ao trabalho, pela protecção no desemprego, por salários e pensões, pelo sistema nacional de saúde, pela segurança social e pela educação, a luta diária contra as guerras imperialistas, pela saída das uniões imperialistas, pela soberania popular, pelos direitos democráticos está indissociavelmente ligadas à luta pelo derrube do capitalismo.

A posição de princípio do KKE exprime o facto de um partido revolucionário não poder ter duas caras, não poder negar a sua estratégia, a sua luta pelo poder da classe operária e pelo socialismo, apenas para ganhar alguns votos numa eleição parlamentar apoiando formações "gestoras" do capital, beneficiando assim o sistema. 

O KKE disse a verdade ao povo. Apelou ao seu apoio para que o partido saísse reforçado, de forma a poder contribuir decisivamente para a luta que procura evitar novas medidas anti-populares, assim como para a reorganização e reforço do movimento popular e dos trabalhadores, para o desenvolvimento das lutas abrindo caminho a mudanças radicais. 

O KKE rema contra a maré, como já o tinha feito em tempos passados, quando expôs, entre outras coisas, a natureza da contra-revolução, o carácter imperialista e anti-socialista da União Europeia, ou quando lutou contra o Tratado de Maastricht, quando condenou as intervenções imperialistas e os pretextos que as justificavam, etc... 

Nesta direcção, o KKE lutou nas eleições contra a corrente de medo, de fatalismo, e de múltiplas ameaças – que iam da expulsão da zona Euro ao medo de não haver um governo – e contra as ilusões que eram sistematicamente fomentadas pelo SYRIZA. Explicámos ao povo o verdadeiro carácter da crise, e as pré-condições para uma saída favorável aos trabalhadores que estará sempre ligada a um desligamento da NATO e da União Europeia, ao cancelamento unilateral da dívida e à socialização, isto é, ao governo da classe trabalhadora. É o governo dos trabalhadores e do povo contra o governo de gestão da burguesia. Levámos a cabo esta batalha com a consciência dos perigos e do custo eleitoral que ela teria.

Mesmo a mais leve cedência da parte do partido face à pressão para participar num governo de gestão da crise teria levado ao desarmamento e à derrota do movimento dos trabalhadores, à destruição do esforço para a formação de uma aliança socio-política forte, que faça frente à linha política dos monopólios e das uniões imperialistas como são a União Europeia e a NATO. Teriam sido anulados todos os esforços feitos para a união de todos aqueles que lutam diariamente, e que cada dia são mais, rumo ao poder da classe operária. Na prática o KKE teria negado a consistência e a solidez das suas palavras e actos, e teria sido levado a graves erros e a uma retirada decisiva do seu programa e das suas tarefas imediatas na luta. 

É da maior importância o facto de nestas condições, em que uma série de outros partidos comunistas europeus ou não estão representados no parlamento ou se diluíram em formações sociais-democratas e oportunistas, o KKE ter mantido a sua posição, com menos força eleitoral quando comparada à sua influência social e política. A estratégia das duas vias de desenvolvimento, da necessidade de uma aliança socio-política e da luta pelo poder da classe trabalhadora, da expansão e aprofundamento da ligação à classe trabalhadora e às classes populares, continua a ser o objectivo fundamental no que toca à sua actividade junto das populações, para que estas resistam e não sejam vergadas pelas novas agressões que a esperam. 

A estratégia do KKE tem sido confirmada diariamente pelos desenvolvimentos diários dos acontecimentos. É uma estratégia baseada nos princípios comunistas; baseada nas leis da luta de classe define o objectivo, o caminho e as pré-condições a fim de resolver a contradição básica entre o capital e o trabalho, a fim de resolver a questão central do poder e a abolir as relações de produção exploradoras de que o capitalismo sofre a partir das duas contradições irreconciliáveis, tornando-se mais reaccionário e perigoso sem que qualquer fórmula de gestão possa proporcionar uma solução favorável ao povo. Com esta estratégia e esta linha de luta o KKE tem incansavelmente contribuído para o esforço de reagrupamento do movimento comunista numa base revolucionária. O KKE apoia e encoraja a luta dos comunistas, bem como a luta anti-imperialista em todo o mundo, procurando fortalecer a solidariedade internacionalista ao mesmo tempo que assume a responsabilidade pelo desenvolvimento da luta de classe ao nível nacional.

O nosso partido está seriamente comprometido com o processo de auto-crítica em curso. Estamos conscientes de que não basta ter uma estratégia e uma militância correctas. O partido estuda as suas fraquezas de modo a tornar-se mais eficaz em questões de orientação política, de formação ideológica e da sua construção nas fábricas, locais de trabalho, bairros, reforçando o movimento de classe, para que a participação nos sindicatos e noutras organizações de massas aumente e para que novas forças se juntem à luta. 

O KKE continua a sua luta no que toca aos problemas do povo com um sentido de responsabilidade reforçado, focando-se na luta contra um sistema fiscal que penaliza o povo, pela melhoria das condições de trabalho, por melhores salários e pensões, pela protecção no desemprego, pelo sistema nacional de saúde, segurança social e educação. Ao mesmo tempo que alerta para os perigos da guerra imperialista eminente na Síria e no Irão. 

Luta contra as políticas de classe do ND, do PASOK e da Esquerda Democrática que surgiu como uma cisão do SYRIZA e é parte integrante de um plano "de esquerda" de manipulação das aspirações populares. Levamos a cabo uma luta mais organizada contra as ilusões do SYRIZA, fortalecendo a nossa luta contra os fascistas da "Aurora Dourada". 

Já há muito tempo informámos muitos partidos comunistas de que o ataque contra o KKE se iria intensificar. Muitos camaradas estão conscientes o que a classe burguesa, os mecanismos estatais e para-estatais testados significam para a repressão e as provocações contra o KKE e o PAME e agora precisamos estar muito bem preparados a fim de lidar com a escala do ataque contra o partido.

Continuamos a nossa luta. Estamos a tentar tornar-nos mais eficazes na organização e no desenvolvimento da luta de classe.


A redução da força eleitoral do KKE não nega as vantagens que o nosso partido obteve com um grande esforço. Não nega o poder que este têm dentro dos sindicatos, das organizações de massa, do movimento popular e dos trabalhadores, nem o seu prestígio junto da classe trabalhadora, nem mesmo a confiança que o povo nele tem nas lutas quotidianas, quer isso tenha ou não sido expresso em termos eleitorais. 

"Amigos mas não nas horas difíceis"

Assim, as forças que procuraram, de forma aberta ou velada, interpretar o resultado eleitoral de uma forma arbitrária, a fim de minar a estratégia e as tácticas do KKE, bem como o seu papel no movimento comunista internacional, serão julgadas pelos revolucionários comunistas, pela classe trabalhadora. 

Já existem forças mais que suficientes para gerir o sistema. O que o povo necessita é de partidos comunistas reais que não procurem gerir a barbárie capitalista em nome do dito "governo de esquerda" e em nome da aceitação "realista" de uma correlação de forças negativa. Por este caminho apenas se pavimenta o caminho para as forças do capital e desperdiça-se um tempo precioso, pelos quais a classe trabalhadora e os extractos populares pagarão um alto preço.

 

[*] Membro da Comissão Política do Comité Central do KKE 

O original encontra-se em
http://inter.kke.gr/News/news2012/2012-06-29-arthro-marinoy . Tradução de MQ.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

Última atualização em Qui, 19 de Julho de 2012 03:22