O que alguns pensaram ser apenas um aguaceiro primaveril transformou-se num ciclone político. A última sondagem do CIS [Centro de Investigaciones Sociológicas] mostra que, independentemente de análises rigorosas sobre os apoios mediáticos à formação de Pablo Iglésias e da sua debilidade programática, que a situa no mesmo espaço político da Esquerda Unida (IU), PODEMOS tem capacidade para perturbar o cenário eleitoral.
princípio do fim da Transição Os votos recebidos por aquela organização nas eleições europeias, juntamente com a grande abstenção, o crescimento do voto em branco, a subida da IU, ERC e BILDU [N.do T.: organização independentista basca], marcaram o princípio do fim do bipartidarismo e com ele dos pilares que – através da alternância no governo entre o PP e o PSOE – têm vindo a sustentar a engrenagem política desde a Transição. A concretização eleitoral de profundas alterações no espectro social foi determinante para forçar a abdicação de Juan Carlos, numa tentativa lampedusiana de lavar a cara para manter uma mais que desprestigiada Monarquia borbónica, chave da abóboda dos aparelhos de Estado herdeiros da Ditadura que têm vindo a sustentar a continuidade do poder económico. A inusitada precipitação com que se fez e a mal dissimulada resistência do ex-rei revelou o desassossego que grassa nas fileiras do poder – PSOE incluído, naturalmente – perante uma mudança do cenário político, cada dia mais provável, com PODEMOS como protagonista e, sobretudo, porque revela a profunda rejeição popular de um bipartidarismo que já não é capaz de enganar através da alternância das maiorias sociais. Aqui, o que me interessa é avançar na análise das tarefas da Esquerda coerente, a partir de importantes trabalhos - como o de Vicente Sarasa [1] – escrito em Fevereiro deste ano, portanto antes das eleições europeias, que situa com claridade a posição da linha revolucionária ante o que já se identificava como o novo cenário político-eleitoral. Depois do terramoto político de 25 de Maio urge abrir linhas de debate e de possível coincidência com organizações revolucionárias, não tanto sobre a formação PODEMOS em si ou outras, mas sobre o que expressa o apoio popular que suscitam, com o objectivo de identificar claramente as tarefas que nos esperam e de que nos aproximamos nos períodos críticos em que a classe operária e os povos jogam a derrota ou a vitória. PODEMOS e o esgotamento da IU Notas: [1] http://www.20minutos.tv/video/93tkeR8b-el-lider-de-syriza-garantiza-el-euro/0/ [2] http://www.palestinalibre.org/articulo.php?a=32607 [3] ¿Por qué el pago de la Deuda es una trampa mortal? http://unidadpopulark.blogspot.com.es/ [4] http://redroja.net/index.php/noticias-red-roja/noticias-cercanas/1910-informe-de-red-roja-sobre-la-ley-organica-22012-el-final-de-cualquier-soberania-y-el-arma-de-destruccion-masiva-de-los-servicios-publicos [5] http://cadtm.org/Discurso-de-Thomas-Sankara-sobre * Angeles Maestro é amiga e colaboradora de odiario.info Este texto foi originalmente publicado em http://redroja.net/index.php/noticias-red-roja/opinion/2242-sobre-que-podemos-ir-haciendo-ante-podemos Tradução de José Paulo Gascão</em>
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